domingo, 9 de agosto de 2009

RELATO DA 7ª E 8ª OFICINA

No dia 03 de agosto de 2009, realizamos mais dois encontros do Gestar II. Inicialmente a professora formadora Daiana colocou uma música orquestrada maravilhosa “Vangele Hymne” com imagens fantásticas, retratando paisagens belíssimas. Num segundo momento, fomos desafiadas a refletir sobre algumas questões na Dinâmica da lista:
1. Faça uma lista de 10 grandes amigos que você tinha a 10 anos atrás..
a) Refaça esta lista com os nomes dos amigos que hoje você ainda vê.
2. Faça uma lista de 5 sonhos que você tinha a 5 anos atrás.
a) Refaça esta lista escrevendo os sonhos que já realizou.
b) Escreva 5 sonhos que você quer realizar daqui a 10 anos.
3. Faça uma lista de 10 coisas que você considera fútil e vulgar.
a) Refaça a lista colocando 10 valores imprescindíveis atualmente.
4. Faça uma lista de 5 alunos que você traz na memória, mas não estão presentes no cotidiano.
a) Refaça a lista com o nome de 5 alunos que deixarão saudades.
5. Faça uma lista de 10 colegas professores que começaram a trabalhar quando você começou.
a) Refaça a lista escrevendo o nome dos professores que continuam lutando pelo magistério.
Esta dinâmica foi muito interessante, pois nos permitiu refletir sobre os valores que estão norteando a nossa vida, bem como do quanto é importante manter boas e duradouras amizades.
A reflexão sobre a dinâmica foi complementada pela música “A Lista” de Oswaldo Montenegro.
Cada uma de nós recebeu um bilhetinho com o nome de uma colega, no qual deveríamos escrever uma mensagem para ela. A professora formadora distribuiu bombons, que fomos pegando de acordo com a nossa preferência, mas no final acabamos dando o bombom que escolhemos juntamente com a mensagem para a colega, foi um momento muito legal, que possibilitou uma maior integração entre nós.
Passamos então ao estudo do TP5. Lemos conjuntamente o texto “Cada um é cada um” de José Roberto Torero (página 15). Comentamos sobre o estilo de cada um, as diferenças, o que é estilo e o que é variante linguística.
A diferença entre estilo e variante linguística está na intenção do indivíduo no momento da fala. Se esta contém uma carga de expressividade, porque o falante deseja manifestar ou transmitir emoção naquele ato de fala específico, esse fato é matéria da estilística. Se, ao contrário, um certo indivíduo tem como característica permanente uma forma particular de uso da língua, esse fato constitui um idioleto e pertence a linguística.
É importante perceber que a língua apresenta variações, conforme os grupos que a usam. Cada uma das variantes da língua usada por um grupo apresenta regularidades, recursos normais para aquele grupo.

Refletimos também sobre a importância da ESTILÍSTICA, que é uma das disciplinas voltada aos fenômenos da linguagem. De forma simples, é o estudo do estilo.

O estilo, por sua vez, é conceituado de várias maneiras pelos estudiosos da estilística. De modo geral, as definições consideram-no como o resultado da escolha dos recursos expressivos capazes de produzir os efeitos de sentido motivados pela emoção e afetividade do falante.
A estilística estuda os valores ligados à sonoridade, à significação e formação das palavras, à constituição da frase e do discurso.
Ao trabalhar com a estilística é muito interessante trazer alguns trava línguas, conforme foi exemplificado pela professora formadora:
“TRÊS PRATOS DE TRIGO PARA TRÊS TRISTES POBRES TIGRES”.
“NUM NINHO DE MAFAGAFOS,
SEIS MAFAGAFINHOS HÁ,
QUEM OS DESMAFAGAFIZAR
BOM DESMAFAGAFIZADOR SERÁ”.
É muito importante refletir e oportunizar esta discussão com os alunos de que também usamos do recurso dos sons da língua para expressarmos nossas emoções e afetividades. Fazendo parte desse conjunto de recursos os fonemas, os acentos, a entonação, o ritmo de sílabas, palavras ou frases.
Nesta oficina realizamos um trabalho muito legal sobre PROVÉRBIOS. Embora já tenha trabalhado com os alunos no início do ano sobre este tema, achei algumas sugestões da professora formadora interessantes, que pretendo compartilhar com meus alunos.
Refletimos também sobre a metáfora e a metonímia, que constituem importantes recursos de estilo, assim como as tonalidades emotivas das palavras, que indicam a emoção, o sentimento do falante.
Gostei muito da temática abordada no TP5, vou procurar conciliar com o conteúdo previsto nos Planos de Estudos da série, incrementando com as inúmeras atividades sugeridas.
Para trabalharmos com a coerência textual a professora encaminhou a dinâmica das 3 cores, com a seguinte ordem:
Papel amarelo – escrever um nome de uma pessoa.
Papel azul– escrever o nome de um lugar.
Papel verde– escrever um verbo no gerúndio.
Três envelopes, um para cada cor.
Depois fomos construindo narrativas orais com os elementos disponíveis, bem como fomos acrescentando outros elementos textuais.

A dimensão linguística fornece pistas para que, na leitura, seja (re)construído um mundo textual, que pode ou não coincidir com a versão que se tenha do mundo real. A coerência pode estar ligada a uma interpretação e, por isso, depende, em grande parte, das inferências que o leitor seja capaz de fazer a partir das pistas textuais e de seu conhecimento do tema e do mundo. Por isso, para o estabelecimento da coerência textual, contribuem tanto fatores linguísticos quanto aqueles ligados ao contexto situacional, os interlocutores em si, suas crenças e intenções comunicativas, além da função comunicativa do texto em si.

É muito importante perceber que a coerência não é uma questão de tudo ou nada, mas de gradação de possibilidades. Com o domínio de habilidades de leitura desenvolve-se a consciência para as estratégias que utilizamos na apreensão dessas pistas. Assim, torna-se importante o equilíbrio entre as informações que já são do conhecimento prévio do leitor e as informações novas que o texto pretende trazer.

Para complementar o estudo da coerência realizamos a leitura do texto página 57 – AAA5, versão professor e o completamos, bem como realizamos a Atividade da página 62 (Texto 2). Estas atividades foram muito interessantes e servem de sugestão para trabalharmos com nossos alunos.
Um momento sempre muito significativo dos nossos encontros é quando cada cursista apresenta o Relato do avançando na prática aplicado com seus alunos.
Para esta oficina não conseguimos aplicar todas as práticas pretendidas, em virtude da suspensão das aulas por motivo da gripe A, mas o que foi trabalhado foi muito interessante.

Para descontrair e também refletir sobre o emprego da língua padrão, assistimos o vídeo “Assalto com cultura”.

Além da coerência, refletimos bastante sobre a coesão textual, que se refere às relações de sentido que se estabelecem no interior do texto.

“Enquanto a coerência textual se constrói na relação entre o texto e seu contexto, a coesão se constrói na interrelação entre as partes do texto, fazendo dele um todo significativo. Por isso, a coesão textual é solidária a coerência”.

Para trabalhar a coerência e a coesão textual, uma atividade muito legal foi a sugestão da produção da História maluca, a qual foi sendo construída a partir dos objetos apresentados pela professora, de forma que ficasse coesa e coerente.
“As Aventuras de Aninha.

A menina do vestido verde tinha belas tranças douradas. Carregava consigo uma cesta de flores do campo, que havia colhido.
Para sua surpresa, uma de suas tranças começou a desfazer-se, pois havia perdido o grampo.
Voltando para casa encontrou um porta moedas. Abriu-o e verificou que estava cheio de moedas. Pensou: “Se não aparecer o dono, vou comprar um grampo e um desodorante roll-on de erva doce da Natura”.
Ansiosa para contar o que havia acontecido a sua mãe, saiu correndo e durante o percurso acabou perdendo o seu brinco.
Chegando em casa, a sua mãe esperava apreensiva na porta, com um olhar questionador e algo escondido em suas mãos.
A menina que estava louca para contar o acontecido para a mãe, acaba vencida pela curiosidade e perante acena pergunta:
- O que tens aí escondido?
Sua mãe mostra o convite para uma festa de aniversário, juntamente com o presente que havia comprado, um creme hidratante para crianças.
O dia da festa chegou. Aninha lembrou-se de levar a câmera digital para registrar os melhores momentos. Como a festa era na beira dapraia, deparou-se com belas conchas do mar, as quais foi recolhendo. Colocou-as em sacos plásticos e fechou-os com clips.
A festa estava animadíssima com o rádio sintonizado na Rádio Alto Uruguai FM. Porém, alguns preferiram ir para perto do mar e jogar bola.”

Outra sugestão de atividade interessante foi a análise de um texto publicitário, proposta na Oficina 9 da Unidade 18, que resultou no texto a seguir:

“O texto enfoca a preocupação com as práticas sociais e ambientais. Ao mesmo tempo gera riquezas e preserva o patrimônio dos brasileiros. Faz uma intertextualidade entre a linguagem verbal e não-verbal, pelas cores e imagens que apresenta. As cores presentes no texto são as mesmas da nossa bandeira brasileira, símbolo do nosso país, dando abertura para que possamos fazer a leitura de que a empresa também brasileira e, portanto, símbolo nacional. Um dos efeitos pretendidos é mostrar que é justamente por preservar o ambiente que ela se destaca. Portanto, é um texto publicitário que usa com propriedade a linguagem verbal e não-verbal para garantir a construção da coerência textual e alcançar os efeitos de sentidos pretendidos, dentre esses o de que a empresa está se tornando cada vez mais brasileira, por estar preocupada com o país como um todo”.

Embora as relações lógicas sejam operações de raciocínio lógico expressas linguisticamente, a organização lógica de um texto depende também da situação de interação, ou do contexto. Por isso, a escolha de como será feita essa organização corresponde sempre a uma intenção comunicativa que está incorporada ao texto.

A língua dispõe de variados recursos para marcar as relações lógicas que constituem a textualidade e funcionam como pistas para a depreensão dos implícitos. As orientações para uma correta interpretação das relações lógicas é parte das relações de coesão e coerência de um texto. Para trabalhar este aspecto, a professora formadora encaminhou a Atividade PLAT pg. 113 – AAA5 versão professor, que será muito positiva para ser aplicada em sala de aula. Além disso, realizamos a atividade de produção da página 258, construção de um texto publicitário.
“Sempre estive em suas mãos.
Rolei entre seus dedos.
Muitas vezes me senti sufocada, apertada, molhada de suor.
Me acabei de tanto ser usada.
Agora, jogas-me no lixo! Acabou.
Adeus. Vou sumir de sua vida.
A sua caneta”

Antes de finalizar o encontro assistimos um vídeo sobre as expressões idiomáticas que usamos em nosso cotidiano, expressas através da linguagem não-verbal e realizamos a Avaliação do Gestar II desenvolvido até o momento (40 horas).

AVALIAÇÃO DO GESTAR II

O Gestar é um programa que veio contribuir para a nossa prática pedagógica. Além de nos dar a fundamentação teórica, traz sugestões de atividades e oportuniza a socialização de experiências entre as cursistas que tem sido significativas para nós, bem como tem tornado nossas aulas mais interessantes e motivadas.
Os encontros foram maravilhosos, a professora formadora está muito bem preparada, procura trazer materiais atualizados e dinâmicos sobre os conteúdos de língua portuguesa, bem como estimula-nos com vídeos motivacionais e orientações pertinentes.
A recepção dos alunos quanto as práticas está sendo muito positiva. Os mesmos têm participado ativamente das atividades, têm produzido textos cada vez melhores e aguardam ansiosos por novidades. Além disso, têm acompanhado as informações postadas nos blogs e têm motivado-se a criar um blog coletivo.
O material disponibilizado pelo Gestar II traz discussões lingüísticas atuais, incentiva a leitura e a produção escrita tanto do aluno quanto do professor. Uma das maiores dificuldades enfrentadas tem sido a falta de tempo para dar conta dos TPs, fazer os relatórios, bem como aplicar todas as atividades que gostaríamos em sala de aula, até porque cada escola tem um Plano de Curso que não pode simplesmente ficar de lado.
Apesar disso, avaliamos positivamente o programa desenvolvido até aqui e esperamos continuar a nossa caminhada em busca de formação e conhecimento.

Cursistas: Luciane e Lisete.

AVANÇANDO NA PRÁTICA DA UNIDADE 17.

No dia 28 de julho de 2009, apliquei o avançando na prática da Unidade 17, página 24. Para introduzir a atividade segui as orientações e procurei fazer com os alunos um exercício de auto-observação e em seguida, aproveitando a sugestão da aluna Larissa, fizemos um amigo secreto e cada colega teria que descrever o estilo do seu amigo secreto, sendo que os demais deveriam adivinhar quem seria. Esta atividade foi muito interessante, pois permitiu aos alunos perceberem que o estilo é um conjunto de recursos expressivos usados para gerar um efeito de sentido, da forma que cada um tem o seu estilo pessoal. Esse tema também teve uma boa recepção considerando que nesta fase da vida dos alunos, estão definindo seus estilos pessoais e a sua individualidade.
Levei para sala de aula várias revistas, a partir das quais estimulei os alunos a emitirem comentários sobre o estilo das revistas, das propagandas, estilos de vestimenta das pessoas que aparecem em contextos sociais diferenciados, depois lemos o texto “Cada um é cada um” de José Roberto Torero e refletimos sobre ele. Para complementar o estudo do estilo refletimos sobre os recursos expressivos usados para gerar um efeito de sentido através da análise do poema “Trem de ferro” e da análise da sua intertextualidade com o poema de Almir Correia. Os alunos perceberam que o segundo texto é uma espécie de paródia do texto do Bandeira e acharam muito interessante a forma de composição dos versos que mantém o efeito de sentido do trem em andamento, porém agora seria a ação realizada por um homem, através da repetição da mesma ação “Tomar café”.
A partir desta atividade desafiei os alunos a produzirem poemas sobre temas e recursos de estilo diversos, que serão apresentados quando voltarmos às aulas.

domingo, 2 de agosto de 2009

AVANÇANDO NA PRÁTICA UNIDADE 14

No dia 13 de julho de 2009, levei para a sala de aula um dos poemas mais conhecidos de Carlos Drummond de Andrade, extraído de seu primeiro livro, publicado em 1930: Alguma poesia, que aborda a temática – “Cidades”.
Inicialmente conversei com os alunos sobre a época em que o poema foi escrito, o lugar onde o autor nasceu e sobre o que está falando o poema. Em seguida, desafiei os alunos a fazerem um depoimento sobre a nossa cidade e falarem de outras cidades que eles conheciam, questionando-os se desejavam conhecer ou morar em outras cidades.
Num segundo momento, passei o poema no quadro e li para a turma:
CIDADEZINHA QUALQUER

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
devagar...as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Após a leitura, questionei-os se haviam gostado ou não do poema, se acharam difícil ou não, simples ou não, etc. Os alunos em sua maioria comentaram que preferem poemas rimados, mas entenderam este poema como uma descrição de um lugar muito pacato, onde “tudo” anda devagar. Assim, para mostrar esse ambiente simples, o autor empregou com muita propriedade uma linguagem simples e um poema curto e sem enfeites, sem rima e com métrica variada.
Depois de refletirmos sobre o poema, convidei-os a fazerem uma leitura em voz alta de forma coletiva e individual, variando os ritmos e tons.
Por fim, desafiei os alunos a escreverem sobre a sua cidade, ou outra para qual adorariam ir, a partir do título “A cidade dos meus sonhos”.
Essa atividade foi muito interessante, porque alguns alunos encontraram formas diversificadas para expressar suas idéias e sentimentos, tais como paródias, poemas, descrições e outros gêneros textuais. Também foi interessante perceber, que nem todos os alunos desejam morar um uma cidade, ou pelo menos na zona urbana, um aluno, por exemplo, descreveu que seu sonho é morar em um sítio. Esta atividade permitiu que eu fosse conhecendo melhor os interesses e gostos de meus alunos.


Paródia da Música Epitáfio

Devia ter ajudado mais
Ter cuidado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter acreditado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter valorizado
A cidade do meu coração
Onde fui muito feliz
Mas poderia ter vivido
Com mais emoção

:/Vejo a saudade
Me surpreender
Quando eu estou distraído/:
Quando eu estou...

Devia ter participado mais
Trabalhado mais
Para a cidade crescer
Devia ter me importando menos
Com problemas pequenos
Ter feito a vida acontecer...

Alunos Danieli e Anderson – 8ª série


A CIDADE DOS MEUS SONHOS

Para mim, a cidade, não é exatamente meu sonho, pois eu gostaria de morar no campo, com uma casa grande e bonita, ter um grande pedaço de terra para plantar, um grande açude para pescar e um riacho para tomar banho.

Queria que no meu sítio tivesse galinhas, porcos, bois, vacas e um cavalo bom.
No galpão queria ter um carro e uma moto.
Esse é o meu sonho, o de morar no campo!

Aluno John Alan Dresch – 8ª série

APRESENTAÇÃO DOS AMBIENTES LETRADOS PELOS ALUNOS DA 8ª SÉRIE









RELATO DO AVANÇANDO NA PRÁTICA DA UNIDADE 13

No dia 06 de julho de 2009, procurei refletir com os alunos sobre os usos sociais e as funções da escrita no cotidiano, considerando que vivemos cercados por diferentes modos de organização da informação na escrita: em casa, no comércio, na escola, nas revistas, nos livros que lemos, nas ruas, etc. Desta forma, refletimos sobre o termo letramento que se refere aos modos como a escrita se apresenta na sociedade, seus usos e as funções que ela exerce nas diferentes situações comunicativas em que é utilizada coletiva e pessoalmente.
Percebemos, portanto, que é importantíssimo observar o ambiente letrado para que possamos entender as práticas da cultura escrita e transformar os nossos conhecimentos.
Neste dia dividi a turma em grupos de 4 ou 5 membros e dei como tarefa para cada grupo escolher um ambiente letrado para coletar informações sobre os usos da escrita no ambiente designado. Além disso, cada grupo deveria organizar as informações em um cartaz para socializar com a turma.
No dia 07 de julho de 2009, cada grupo apresentou para a turma seus achados. Durante a apresentação oral, fomos refletindo sobre as construções textuais, frases e termos utilizados, elementos verbais e não-verbais e a pontuação utilizada.
Os alunos foram muito criativos e procuraram visitar os mais diferentes ambientes, tais como posto de saúde, igrejas, Brigada Militar, a escola, até mesmo o cemitério. Os cartazes elaborados passaram a compor o ambiente letrado da sala de aula.
Foi uma atividade muito produtiva e interessante, que despertou o interesse e a participação dos alunos, possibilitando-nos refletir sobre a linguagem e os diferentes usos e funções da escrita de forma prazerosa, observando o meio em que vivemos.

RELATO DA 5ª E 6ª OFICINAS

Colocando as idéias para funcionar!!!!!
Vamos repensar o Projeto da Leitura em nossas escolas???




No dia 14 de julho de 2009, enquanto a maioria dos professores já estava em férias, nós tivemos mais duas oficinas do Gestar II. Neste dia, nosso encontro começou à tarde e foi até tarde da noite, visto que foram realizadas duas oficinas. O encontro foi iniciado com a dinâmica da estrela que possibilitou uma grande reflexão sobre o que é felicidade. Após os debates foi assistido o DVD sobre cultura do Ariano Suassuna, que foi muito interessante para analisar a importância de se fazer um resgate e uma maior valorização da cultura local. Todas concordaram de numa próxima reunião pedagógica, compartilhar essas reflexões de Suassuna com os professores das demais áreas do conhecimento cada uma em sua escola. A professora-formadora Daiana, como sempre, estava preparadíssima com o material sobre letramento, fazendo uma coleta de informações riquíssima. Trouxe para nós dois clips muito legais sobre o tema: “O que é letramento” da Kate Chong e “Cenas de letramento” ambos baixados do you Tube. Em seguida, fizemos um debate e um resgate teórico sobre letramento, leitura, cultura, escrita e produção textual (estudo do TP4).

Esta figura foi apresentada pela professora-formadora, que nos questionou o que a mesma tem a ver com o conceito de letramento.

Pode-se dizer que ela tem tudo a ver, pois letramento é abrir as portas e janelas do mundo por meio da leitura, da escrita e da oralidade e ser capaz de se relacionar bem nas diversas práticas sociais, como afirmou a professora Daiana.

Letramento, segundo Kleiman (2001, p. 19), é definido como “o conjunto de práticas sociais relacionadas ao uso, à função e ao impacto da escrita na sociedade, diferenciando esse conceito do conceito de alfabetização, o qual é mais restrito, em geral interpretado como processo de aquisição do código da escrita e domínio individual desse código”. Um postulado básico do trabalho com base no letramento é assumir que a linguagem é interação e que a interação lingüística pressupõe a participação de sujeitos sociais cognitiva e afetivamente envolvidos na produção de contextos que podem desencadear a aprendizagem, como é o caso do contexto escolar (Kleiman, 2001, p. 20).
Para Magda Soares letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender-se, lendo ou escrevendo (delinear o mapa de quem você é), e é descobrir alternativas e possibilidades, descobrir o que você pode ser.Feito o resgate teórico, a professora-formadora pediu que nos organizássemos em grupos para pensarmos um Projeto para aplicarmos na escola onde trabalhamos.
Antes de partirmos para o projeto propriamente dito, fizemos um estudo do que é um projeto, dos passos que devem ser seguidos de como organizá-lo...
Conversando com as colegas cursistas percebemos que todas as escolas têm um projeto maior de leitura, que envolve todos os alunos e todas as áreas, mas que os mesmos não estão andando como gostaríamos, neste sentido decidimos reavaliar e repensar este momento da leitura.
O nosso projeto ficou quase pronto, faltando apenas a fundamentação teórica que nos organizamos para concluir em casa para socializar no próximo encontro dia 03 de agosto de 2009.
Em seguida, socializamos os avançando na prática (do TP4). Sempre é muito significativo esse momento, pois cada professor faz adaptações interessantes às atividades propostas.
Nesta tarde, também foi realizada uma atividade a partir do poema “Cidadezinha Qualquer”, depois em grupos menores foram elaboradas questões instigadoras que despertassem o interesse dos alunos pela leitura do mesmo e outras atividades a partir da figura do PP4, página 220.
Em seguida olhamos algumas figuras de ilusão de ótica e encerramos o encontro com a mensagem “Educar” de Rubem Alves.
O Programa do Gestar II está proporcionando momentos muito interessantes de reflexão teórica e prática com relação ao ensino de Língua Portuguesa.
Após esta oficina, desafiei-me a escrever um texto sobre algumas experiências pessoais com relação ao letramento.

LETRAMENTO: ALGUMAS EXPERIÊNCIAS PESSOAIS

O objetivo deste texto é apresentar algumas experiências pessoais com o letramento, a fim de mostrar que esse processo não pode ser compreendido como algo que tenha início, meio e fim, que se reduz à sala de aula e que é um privilégio apenas daqueles que passam pela escola e têm acesso ao saber institucionalizado. Para tanto, primeiramente procurar-se-á descrever alguns eventos de letramento anteriores à alfabetização, que são significativos por se constituírem em um primeiro contato com a leitura e a escrita e, num segundo momento, procurar-se-á destacar alguns conflitos enfrentados em relação às práticas de letramento utilizadas no meio acadêmico.
Na infância, as oportunidades de conviver com a leitura e a escrita foram várias e constantes. Por ter pais professores, via-os, diariamente, envolvidos com livros para elaborarem seus planejamentos de aulas. Além disso, por ambos gostarem de ler, seguidamente, adquiriam livrinhos de literatura infantil e faziam da leitura destes um momento muito significativo, que era ansiosamente esperado. As histórias lidas e/ou contadas não ficavam esquecidas, pois eram recontadas para outras pessoas do convívio.
O fato de recontar as histórias com uma riqueza tão grande de detalhes fez com que se pensasse que esta habilidade poderia ser aproveitada para a declamação. Assim, antes mesmo de ir para a escola, declamar poesias gaúchas passou a ser uma prática constante, as quais eram aprendidas e/ou assimiladas a partir da leitura destas por um adulto. Esse evento de letramento teve uma grande importância para a alfabetização – entendida como a aquisição da escrita enquanto habilidades para a leitura e escrita, levado a efeito pelo ensino formal[1] -, que, contrariamente ao que se espera, deu-se fora do espaço escolar, ou seja, a partir de situações de uso concreto da linguagem. Essas situações seriam os momentos em que se aprendia as poesias para serem declamadas em festividades promovidas pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do município, além de outros eventos gerados no dia-a-dia. Esse conhecimento, porém, entrou em conflito na escola, onde se aprendia uma letra de cada vez e exercícios repetitivos de memorização. Infelizmente, no ano em que era frequentada a primeira série, os professores ficaram alguns meses em greve, assim o processo de alfabetização teve continuidade em casa a partir da leitura de textos de gêneros diversos, desde rótulos de embalagens até textos de literatura infantil e artigos de jornais que eram comentados em família.
Aprender a ler possibilitou um acesso a diferentes textos e também despertou o gosto pela escrita. Esse gosto, porém, não foi muito estimulado no ensino fundamental e médio, nos quais o ensino gramatical ocupava a maior parte do tempo. Mas mesmo assim, acreditava-se que escrever era um processo prazeroso, pois era o momento em que se podia criar e expressar as idéias e pensamentos próprios.
Essa concepção de leitura e escrita entrou em conflito na universidade, onde se passou a interagir com textos acadêmicos, que apresentavam um estilo de escrita mais formal. Assim, sente-se a necessidade de manter uma prática constante de leitura e escrita de textos diversos, interação com colegas e professores, participação em eventos científicos entre outras práticas sociais, para conseguir aprender a lidar com os conceitos específicos desta comunidade discursiva, o meio acadêmico. Com isso, passa-se a entender que os significados da leitura e da escrita variam de situação para situação, dependendo de concepções ideológicas partilhadas em cada contexto social.
Nesse sentido, pode-se concluir que os eventos e práticas de letramento estão presentes na vida de todos os membros de uma sociedade, uma vez que mesmo em culturas ágrafas há formas de se registrar idéias e conceitos, da mesma forma que se pode aprender a narrar histórias e declamar, antes mesmo de ser alfabetizado. Algumas pessoas têm acesso ao conhecimento sistematizado nos livros, manuais, compêndios, enquanto outras têm acesso a outros modos de organização do conhecimento, por meio de sua vivência social e cultural. Assim, pode-se afirmar que não há grau zero de letramento, pois do ponto de vista do processo sócio-histórico o que existe são graus de letramento diferenciados, que podem ir sendo alcançados com diferentes práticas sociais de linguagem tanto de formal institucional como não.
[1] Cf. Tfouni, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995. p. 9-10.