quarta-feira, 15 de julho de 2009

RELATO DA 4ª OFICINA


A 4ª oficina do Gestar II, em Humaitá, aconteceu no dia 27 de junho de 2009. Neste encontro tivemos a oportunidade de trabalhar com a história do livro “ZOOM”, de Istvan Banjai Ceilandia. Após a apresentação dos slides e reflexão sobre os mesmos, fomos desafiadas a escolher uma seqüência tipológica para fazer a releitura do livro, atividade esta que será muito produtiva para ser realizada em sala de aula. Num segundo momento, foi feito um debate e estudo teórico dos tipos de textos ou sequências tipológicas, retomando também algumas questões com relação aos gêneros textuais. É interessante ressaltar que Segundo Bakhtin, os gêneros do discurso são como tipos relativamente estáveis de enunciados constituídos historicamente e que mantêm uma relação direta com a dimensão social. Já o tipo textual é a expressão usada para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Durante o estudo e debate foi construído um paralelo entre tipos e gêneros textuais.
A professora-formadora Daiana apresentou vários gêneros textuais, a partir dos quais questionou a sequência tipológica predominante, visto que num gênero podem estar presentes vários tipos, mas um é que predomina. Em seguida, foi analisada uma carta identificando as sequências tipológicas. A atividade foi muito interessante, pois nestas horas todas as dúvidas aparecem e na troca de idéias são facilmente solucionadas.Nesta oficina também foi trabalhada a atividade que consta no TP3, o texto “O salário mínimo” de Jô Soares. Atividade esta que será muito interessante trabalhar também com os alunos do Ensino Médio.
Durante as apresentações dos avançando na prática percebe-se que cada professora faz os seus recortes e adaptações às turmas que está trabalhando, mas o material oferecido pelo Gestar tem enriquecido muito as nossas aulas, o que pode ser percebido nos relatos dos Avançando na prática.

RELATO DA 3ª OFICINA

A terceira oficina aconteceu dia 10 de junho de 2009. O início da oficina foi muito interessante e enigmático, recebemos um cartão em forma de triângulo, que precisou ser desvencilhado para descobrimos o que estava escrito no centro: “Iniciar novos caminhos é sempre um bom momento em nossas vidas, ainda mais se começamos a caminhada com vontade e disposição, esperando encontrar pessoas e coisas interessantes que nos ajudarão a aumentarmos nosso conhecimento, modificarmos nossa visão do mundo e desenvolvermos nossas competências para um saber viver e uma atuação profissional melhor”. Em seguida, a professora formadora Daiana aplicou a dinâmica da História do quadrado inconformado, que foi fantástica! (Aliás, a professora Daiana tem um jeito todo especial de contar histórias que encanta quem as ouve!) Sendo esta uma ótima sugestão para trabalharmos com os alunos com objetivos diversos. Para tanto, reproduzo-a na íntegra, caso possa servir para outros colegas:



HISTÓRIA DO AUTOCONHECIMENTO.










Era uma vez uma folha de papel quadrada inconformada com a quadradice de sua vida. Entrou em crise.Sua primeira reação foi se olhar sob outros ângulos.Em busca de transformação, a folha se preparou e fez um movimento de voltar-se para si mesma.A transformação conseguida com esse movimento deixou a folha muito feliz. Contente, partiu-se e descobriu em si novas formas: triângulos.Ao repetir o movimento de voltar-se para si em um dos triângulos, mesmo sob outros ângulos, descobriu novos triângulos.Inconformada com a repetição dos triângulos, saiu em busca de novos movimentos. Reage. Estuda seu grande triângulo e faz outro movimento de voltar-se para si, com outra disposição.Parte-se. Abandona a parte já conhecida (triângulo) e encontra uma nova forma: um trapézio.Virou que virou até que se descobriu... um barco!! Ufa!! Transformação total. Pôde viajar por “mares nunca dantes navegados”.E viajou: mares longínquos, águas desconhecidas, profundas, até que, durante uma tempestade (como essas que há na vida de todos nós), foi arremessada contra o rochedo e partiu-se ao meio.Nova reação! Olhou-se sob outro ângulo e se descobriu...um par de sapatos!!!Caminhou por terras longínquas, terras exóticas, terras misteriosas, caminhou tanto que chegou a gastar o calcanhar de um de seus sapatos.Mas, sua determinação não a deixava desistir. Continuou a explorar outros espaços, caminhando com um só sapato, até que, distraída, não viu que “no meio do caminha tinha uma pedra” e tropeçou. O sapato partiu-se e perdeu o bico. Ao perder o bico constatou que lhe restava sua forma original: o quadrado – sua identidade: sua essência enriquecida por novos conhecimentos, experiências e possibilidades!!!
Depois tivemos que reconstruir o tangran, atividade esta que exigiu atenção e persistência!









Conta uma lenda chinesa que, há 4000 anos, um homem deixou cair um azulejo que se quebrou em 7 pedaços. Na tentativa de recuperar a forma original, o homem descobriu que a combinação das peças produzia uma infinidade de figuras. Nasceu, assim, o jogo mágico de criar formas e figuras com o tangram.
A partir dessa lenda, nós também fomos desafiadas a criar figuras diverasas com as peças
do tangram, com as quais montamos dois painéis muito legais, que podem ser observados na foto!!!

Num terceiro momento, refletimos sobre a teoria dos gêneros textuais e também discutimos sobre os principais gêneros textuais que circulam no nosso dia a dia, aqueles que já estamos trabalhando em sala de aula, bem como comentamos sobre a necessidade de incluir mais gêneros textuais em nossas aulas de Língua Portuguesa. Como é o caso da fábula moderna da Cigarra e da Formiga.
A socialização do Avançando na prática foi um momento muito significativo, pois cada colega foi colocando sua experiência a qual era comentada e complementada pelas demais. Percebemos que em muitas turmas sentimos a necessidade de trabalhar algumas questões teóricas antes de aplicar a atividade, o que tornou a atividade muito mais significativa. Esse momento também foi muito interessante, pois algumas colegas incrementaram suas atividades com sugestões muito interessantes.
Após a socialização do avançando na prática, lemos alguns poemas e refletimos sobre o gênero poético. Eu acabei pegando aleatoriamente um poema que eu aprecio muito do Fernando Pessoa:
Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Aproveitando esse momento meio mágico a professora Daiana distribuiu a letra da música "Fico Assim sem você” de Adriana Calcanhotto e depois cantamos todas juntas e assistimos o vídeo da mímica da música (Muito legal, por sinal l!!!!!). Em seguida, em grupos pensamos formas para trabalhar a música com os alunos em sala de aula.
Após retomar a idéia principal da dinâmica da história do quadrado que ao estar inconformado com a sua quadradice busca a sua transformação para no final descobrir que a sua identidade, a sua essência sempre será de um quadrado, fomos estimuladas a começar escrever o memorial. Eu fiquei feliz por ter algo já alinhavado, pois tive que produzir um Memorial Descritivo para me inscrever na seleção do Mestrado em Educação nas Ciências, o qual com algumas adaptações já está postado.
Para finalizar a professora nos passou a mensagem “Estratégias de vida” que permite uma bela reflexão sobre a nossa vida!!!

domingo, 12 de julho de 2009

Avançando na prática, unidade 10.


No dia 09 de junho de 2009, apliquei a proposta de atividade Avançando na prática a partir da letra da música “Tempos Modernos”, do Lulu Santos. Reproduzi a mesma para cada aluno e também fiz slides com imagens ilustrativas.

Tempos Modernos
Lulu Santos

Composição: Lulu Santos
Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...




Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há prá viver
Vamos nos permitir...

A música dá um dom diferenciado à aula e a nossa vida. Por isso, a maioria das pessoas a aprecia muito. Após cantarmos a música procuramos refletir sobre a sua letra em termos de tema, autor/leitor/ouvinte, aspectos que contribuem para a construção dos sentidos, idéias sugeridas ou explícitas. Além disso, procuramos analisar os aspectos que fazem parte do gênero textual música, que o diferencia dos demais, bem como procuramos estabelecer a relação com outros textos que circulam socialmente sobre o tema “Tempos Modernos”.
Pela análise da linguagem identificamos que o texto não tem como público alvo as crianças, pela escolha vocabular do compositor e mesmo pela temática. É uma música apreciada por adolescentes, jovens e adultos, que permite grandes reflexões.
Também trouxe cópias de outros textos de diferentes gêneros presentes na versão do aluno para análise coletiva e em grupos.
A aula foi muito boa, embora em alguns momentos tivesse que chamar a atenção de alguns alunos que acabavam distraindo-se, mas a grande maioria participou ativamente e demonstrou ter gostado da atividade.

Avançando na prática, unidade 9



No dia 1º de junho de 2009, apresentei aos alunos da 8ª série da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Raimundo Almeida, de Sede Nova-RS o Programa Gestar II e coloquei que a turma deles havia sido escolhida para o desenvolvimento das atividades práticas do mesmo.
Neste dia, trouxe para sala de aula vários textos – notícia, receita, crônica, carta pessoal, carta de opinião e biografia – os quais foram lidos e analisados com relação ao seu conteúdo, finalidade, meio em que é veiculado, função sócio-cultural, etc. Pela experiência lingüística dos alunos e conhecimento de mundo, identificou-se com facilidade os gêneros textuais representados.
Num segundo momento, procurei construir junto com eles o conceito de gêneros textuais, que são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Os gêneros textuais permitem as pessoas comunicarem-se nas diferentes situações discursivas, pois contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. Como afirma Marcuschi (2002), “...é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”. A comunicação, portanto, só é possível por algum gênero textual.
O foco da aula foi o trabalho com o gênero textual Biografia. Após apresentar em slide a biografia do poeta Carlos Drumond de Andrade, observamos as informações que constituem uma biografia, as características textuais e lingüísticas da mesma, depois procuramos identificar em que outros materiais esse tipo de texto aparece, especialmente nos livros de literatura que os alunos tinham consigo.
Por fim, desafiei-os a elaborarem a sua própria biografia, na terceira pessoa, como foi feita a de Carlos Drumond de Andrade.
A atividade foi muito significativa e o resultado muito positivo, o que pode ser observado depois na leitura da biografia dos alunos, que foi realizada na aula seguinte.
Esta atividade também desenvolvi com os alunos do 3º Ano do Ensino Médio e os resultados foram fantásticos.
BIOGRAFIAS DE ALUNOS
Danieli Frizzo Back nasceu em 01 de fevereiro de 1995, no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de São Martinho. É filha de Arno Back e Jacinta Frizzo Back, tem um irmão de 22 anos que se chama Sandro Frizzo Back. Aos 5 anos seus pais a matricularam na Escola Estadual de Ensino Médio Professor Raimundo Almeida, onde estudou até a 2ª série do ensino fundamental. Na 3ª série estudou na Escola Fernando Ferrari de Humaitá, Rio Grande do Sul e na 4ª e 5ª série estudou na Escola Municipal de Sede Nova. Na 6ª série voltou a estudar na escola Raimundo Almeida, onde estuda até hoje, na 8ª série. Dani gosta de participar das atividades escolares, tanto que participa do grupo de danças gaúchas de sua escola e adora fazer apresentações. Pretende cursar medicina e atingir todas as suas metas e objetivos, superar seus medos e aprender muito com a vida.
(Danieli Frizzo Back – aluna da 8ª série)


Laércio Gregory nasceu no dia 3 de fevereiro de 1992, no Hospital de Caridade de Campo Novo, seus pais são Guido e Marta Gregory. Desde a sua infância, reside na localidade de Linha Gessi, interior do município de Sede Nova-RS. Desde os primeiros dias de vida era levado junto para a lavoura, onde seus pais trabalhavam e ele descansava ou ficava brincando embaixo de uma bergamoteira, a qual ainda hoje existe no local. Sempre foi junto com seus pais para lavoura até que um dia se perdeu no meio da soja, sua mãe e seu pai ficaram apavorados pensando que não o achariam mais. Com sete anos Laércio pela primeira vez dirigiu um trator e começou a ir na escola na comunidade de Santa Terezinha. Laércio estudo em Santa Terezinha até a 5ª série, numa turma multisseriada. Como não havia transporte escolar ia de bicicleta todo dia para a escola. Com 10 anos, seu pai o deixou colher pela primeira vez. Laércio sempre gostou muito da lavoura sendo que um dia tinha prova e seu pai estava colhendo perto do colégio. Esqueceu de fazer a prova para ficar olhando para o seu pai. A prova valia 100 pontos e ele tirou apenas 25. Com 12 anos, passou a estudar na Escola João Didoné, que ficava no centro do município, até completar a 8ª série. Com 15 anos ingressou no Ensino Médio e começou a freqüentar a Escola Estadual de Ensino Médio Professor Raimundo Almeida. Laércio nunca gostou muito de estudar, mas suas notas não eram ruins, assim foi sendo aprovado ano a ano. Na verdade, sua grande paixão é trabalhar na lavoura com máquinas, plantar, colher, passar veneno dentre outras atividades. Assim, pretende concluir este ano o terceiro ano e ficar trabalhando na lavoura. Um dos seus maiores sonhos é comprar uma moto para fazer trilha e ser muito feliz.
(Laércio Gregory- aluno do 3º Ano)

RELATO DA 2ª OFICINA

A segunda oficina foi realizada no dia 23 de maio de 2009. Neste dia, realizamos estudo das Unidades 9 e 10 do Caderno de Teoria e Prática 3 e fomos orientadas pela professora formadora Daiana Hatmann sobre todas as atividades práticas que teremos que desenvolver com os alunos. Foi um encontro muito proveitoso, que nos motivou a aprofundarmos os estudos sobre Gêneros Textuais e aplicarmos os Avançando na prática das unidades 9 e 10 com os alunos. Além disso, assistimos ao filme “Narradores de Javé” e procuramos refletir a respeito do mesmo. Ironicamente, Biá, que havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os moradores, é o escolhido para escrever o "livro da salvação", como eles mesmos chamam. O artifício de "florear" e inventar fatos locais já era usado pela personagem para aumentar a circulação de cartas, obviamente escassas no povoado, e manter em funcionamento a agência de correio onde ele trabalha. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é sua oportunidade de se redimir. E a redenção parece ter que se dar justamente aflorando seu lado mais condenável. "Bendita Geni", pois é justamente a capacidade de Biá de aumentar as histórias que traz à tona o papel do historiador interferindo na História, reunindo relatos, selecionando-os, conectando-os de forma compreensível. É uma narrativa que vai possibilitar trabalhar vários temas com os alunos como: o gênero textual filme, a oralidade e a escrita, a história oral, a oficial, sua cientificidade, o limiar com a literatura, a estrutura narrativa, diferentes suportes para a História, diferentes olhares e intercâmbios, dentre outros.

Análise do Filme “Narradores de Javé”

O filme “Narradores de Javé” retrata a mobilização de um povoado para impedir a inundação do Vale do Javé. Intento este, que já nasce praticamente fadado ao insucesso, mas se mantém vivo na esperança da população, que decide provar que Javé deveria ser tombada como patrimônio histórico. Para tanto, recorrem a Antônio Biá, o qual desempenha o papel de escriba, escrevendo as histórias dos moradores do povoado. O escriba desempenha um papel de destaque na comunidade, uma vez que era o único que sabia ler e escrever. Para as pessoas do lugar o texto escrito tinha um valor quase documental.
Pode-se observar no filme a dificuldade de transpor a oralidade para escrita, pois a língua falada segue regras próprias, tem uma maior frouxidão em relação à língua escrita. Isso fica evidente em uma das falas do protagonista da história “Quanto às histórias é melhor ficar na boca do povo, porque na escrita não há mão que lhe dê razão”. No entanto, considerando-se o pressuposto do dialogismo na linguagem e da polifonia do texto (Bakhtin, 1988), a oralidade e a escrita não deveriam ser vistas apenas sob a perspectiva das diferenças, mas também das semelhanças e de características partilhadas.
Com relação às qualidades intrínsecas da escrita, observa-se que o indivíduo de posse da mesma, pode-se dedicar ou recorrer às suas faculdades mentais no exercício de operações mais arbitrárias, superiores. Enquanto que a fala, segundo Ong (1982, apud: Kleiman, 1995), é mais restritiva: “nas culturas orais, a restrição das palavras ao sonoro determina não só os modos de expressão, mas também processos mentais” (p.31).
Embora as pessoas não sejam alfabetizadas percebe-se a presença das práticas de letramento ao relatarem suas histórias. Mesmo não sabendo fazer uso da escrita procuram ajudar Antônio Biá a elaborar o dossiê. Neste caso, letramento, como define Scribner e Cole (1981, apud; Kleiman, 1995), seria um “conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”(p.19).
Na sala de aula, muitas vezes o professor exerce o papel de escriba ao fazer a correção de atividades, quando os alunos têm uma noção das informações que deveriam compor certa resposta, mas sentem dificuldade em organizar essas informações na escrita e pedem ajuda ao professor. Há momentos também de produção de textos coletivos, durante os quais o professor vai registrando as idéias dos alunos no quadro, prática esta muito presente nas primeiras séries do Ensino Fundamental.
O escriba tem uma importância significativa no processo de construção de leitura e da escrita, uma vez que o ser humano é um sujeito social e a aprendizagem acontece mediatizada pelo contexto sócio-cultural no qual ele esteja inserido, de acordo com Vygostky (1988). Assim, em comunidades que a escrita não desempenha um papel fundamental, ou seja, os eventos e práticas de letramento não têm um papel significativo na comunidade da qual os alunos provêm, o trabalho de obtenção de informações em textos escritos constitui-se normalmente num problema, pois o texto escrito não é visto pelos alunos como o principal mediador da aprendizagem. Diferentemente, dos alunos que por suas práticas sociais estão em contado direto com diferentes situações em que a escrita desempenha um papel significativo.
Analisando a função social da escrita no filme “Narradores de Javé”, pode-se perceber que esta se tornou relevante no momento em que as pessoas tinham um objetivo específico para o qual precisavam dela, mas que suas práticas cotidianas evidenciam apenas a oralidade.
Observando as ações do protagonista da história percebe-se que este, por estar exercendo o papel de escriba junto à comunidade, sente-se investido de poder em relação aos demais. É respeitado, não pelo que é, tanto que por seus atos tinha sido expulso da comunidade, mas por saber fazer uso da escrita consegue reaver o respeito e a confiança das pessoas.

MEMORIAL DESCRITIVO
Luciane Sippert

“Ouvir, tocar, cheirar, provar, ver, tudo se permeia a cada experiência que sensibiliza o intelecto. Tudo fala a quem se põe à espera. A linguagem, como um rio, se implica ao movimento do mundo, às vozes da natureza, ao sussurro das plantas conversando e brigando com o vento, à polifonia de vozes, ao jogo de corpos e olhares contemplativos, admirativos, desafiadores. Na linguagem, pela linguagem e com a linguagem o humano produz mundos e nele se produz. As palavras nascem do movimento e produzem movimento num determinado tempo, vibram e repercutem num tempo volumoso, chocam-se, desorganizam e reorganizam nosso modo de ver e estar no mundo”. (SACCUR, 2000: 131)

Introdução
Falar sobre nós parece ser fácil, mas percebo que esta primeira impressão é extremamente errônea. Primeiro, porque poucas vezes em nossa vida paramos para refletir ou mesmo relembrar o que já vivemos. Assim, muitas coisas acabam passando despercebidas ou sendo esquecidas com o passar do tempo. Segundo, porque escrever requer muito mais do que lembranças e é, na maioria das vezes, um processo doloroso, principalmente para quem passou por uma educação positivista (cf. Silva, 1996), baseada na memorização e não na construção de conhecimentos.
A nossa vida nada mais é do que um livro por escrever. Assim, a cada dia, escrevemos uma página deste livro e são algumas destas páginas que desejo compartilhar, relembrando aspectos da minha história que possam ilustrar um pouco da trajetória da minha vida, com destaque para o processo de minha formação pessoal e experiência profissional enquanto educadora.

Relembrando o passado
Sou Luciane Sippert, a primeira das três filhas de Vilson e Marcelina Fátima Sippert. Meu pai era de origem russa por parte de pai e de origem alemã por parte de mãe. Minha mãe é descendente de pai italiano e mãe portuguesa. Meus avós foram os primeiros habitantes da comunidade que deu origem ao município de Sede Nova. Nenhum deles chegou a completar o primário, mas eram pessoas que possuíam uma bagagem cultural muito rica e sempre incentivaram os filhos a estudarem.
Quando menina passava a maior parte do tempo em companhia dos avós, tanto paternos quanto maternos, pois meu pai e minha mãe trabalhavam fora. Graças a esse convívio aprendi muito sobre a cultura alemã e italiana, bem como desenvolvi alguns dotes artesanais e culinários.
Cresci vendo meu pai e minha mãe estudando e falando sobre escola. Meu pai cursou Ciências na Unijuí, mas não chegou a concluir o curso, pois ao mudar-se para União da Vitória - Pr, transferiu-se para o curso de Pedagogia em Administração Escolar. Já minha mãe iniciou o curso de Pedagogia em União da Vitória – Pr e o concluiu na Unijuí - RS.
Desta forma, a escola sempre foi o foco das minhas atenções, meu segundo lar, na verdade. Meus pais sempre estavam envolvidos com livros e cadernos, o que me estimulou o gosto pelo saber e pela busca de conhecimentos que me move até hoje. Além disso, desde muito cedo meus pais costumavam ler e/ou contar histórias infantis para mim, o que com certeza deve ter influenciado a formação da leitora que hoje sou.
Um dos fatos mais marcantes da minha infância aconteceu no dia em que completei seis anos. Meu pai chegou em casa com um jornal e disse-me que este seria o meu presente de aniversário. No momento fiquei desapontada, mas depois compreendi que foi o melhor presente que poderia ter-me dado. Neste jornal tinha uma poesia intitulada “Prendinha”, do autor Adroaldo Fernandes Claro, a qual com muita paciência e carinho ele ajudou-me decorar, pois ainda não sabia ler.
Tenho registrado até hoje as palavras que meu pai costumava dizer: “Você é inteligente!”, “Você é capaz!”, “Enquanto não conseguir o que deseja não desanime e continue lutando!”. Assim, decorar aquela poesia foi para mim, a primeira vitória pessoal.
Após freqüentar durante dois anos a pré-escola, aprendi muitos cânticos e histórias infantis. Com sete anos ingressei na 1ª série. As lembranças desta época são bastante angustiantes, pois me recordo que queria aprender a ler e a escrever, mas tinha que ficar ligando pontinhos, preenchendo linhas e outras atividades que já havia feito, em grande quantidade, na pré-escola, mas que para os colegas que não tinham freqüentado a educação infantil era importante. Cada letra que aprendíamos seguia o mesmo ritual: preencher linhas com seu traçado e decorar palavras com a mesma, na maioria das vezes desligadas de qualquer contexto. Fato este que me angustiava muito, porque queria escrever frases e não podia, já que tinha letras que eu só iria aprender no final do ano. E para minha maior aflição, naquele ano os professores ficaram quatro meses em greve e eu ainda não sabia ler, nem escrever. Então pedi aos meus pais que me ensinassem.
Lembro que minha mãe fez um cartaz com todas as letras do alfabeto e depois começamos a identificar os móveis da casa, porque eu queria aprender a escrever o nome das coisas. O que foi muito bom, pois assim entrei em contato com as palavras que eram significativas para mim e assim fui construindo o meu conhecimento. Também ouvia muitas historinhas infantis lidas pelo meu pai, pela minha mãe ou em áudio. Não lembro exatamente como foi que se deu o tal do “estalo” da leitura e da escrita, mas só sei que quando voltei para a escola já sabia ler e achava aborrecedor ficar estudando uma letra de cada vez.
Uma das minhas maiores paixões foi decorar poesias gaúchas, até cheguei a rabiscar algumas. Vivi praticamente 10 anos da minha vida dedicando-me ativamente ao CTG, fui 1ª Prenda Mirim, Juvenil e Adulta do CTG Monjolo Velho, de Sede Nova e também cheguei a ser 2ª Prenda da 20ª Região Tradicionalista.
Participando mensalmente dos encontros de Patrões e Prendas aprendi muito sobre a história do Rio Grande do Sul, os usos e costumes do nosso povo, passando a dedicar-me à divulgação dessa cultura, o que fiz através da formação de Invernadas Artísticas ensinando as danças tradicionalistas e palestrando a respeito nas escolas municipais e estaduais. Também tenho procurado trabalhar nas aulas de Língua Portuguesa nas Séries Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio a nossa literatura gaúcha, como um elemento da cultura, bem como as variedades lingüísticas regionais. Visando despertar com esse trabalho a valorização da cultura gaúcha, através da análise de contos, causos e poesias tradicionalistas, a partir da análise da linguagem empregada nestes textos, relacionando-a com a variedade lingüística atualmente falada no Rio Grande do Sul, que se difere das demais regiões do país e apresenta variações, até mesmo, no próprio estado.
Durante toda a minha vida escolar dei o máximo de mim, pois sempre fui estimulada e cobrada em casa. Se não tirasse a nota máxima tinha que justificar o meu “desleixo”. Para minha felicidade isso não era problema, pois como tinha facilidade de memorização e o ensino era baseado, praticamente, na “decoreba”, saía-me bem, na maioria das vezes.
Ser sempre a primeira da classe tornou-se para mim uma obrigação e estudar passou a ser cada vez mais o meu trabalho e o meu lazer, pois quando não estava estudando, dava aulas para minhas irmãs e primas menores.
Um dos maiores empecilhos que surgiu em minha vida escolar foi quando comecei a cursar o Ensino médio na Escola Cenecista de 1º e 2º Graus Fernando Ferrari de Humaitá, com habilitação para o Magistério, de 1993 a 1996. O método usado pelos professores diferenciava-se daquele que havia conhecido até então. Não tínhamos mais aquelas questões certinhas para decorar, pelo contrário, trabalhávamos com vários textos, a partir dos quais refletíamos e tínhamos que nos posicionar e opinar a respeito, bem como produzir textos de gêneros diversos.
Esses três anos de aulas teóricas que contemplaram os conteúdos gerais do Ensino Médio e ao mesmo tempo aulas específicas para a formação profissional foram importantíssimos para mim, pois vivenciei uma mudança de paradigmas com relação ao processo ensino/aprendizagem em que fui escolarizada, baseado em uma educação positivista, e a forma como fui ensinada a ensinar, baseada no construtivismo. Assim, ao mesmo tempo em que me formava intelectualmente, fui construindo a minha cultura de ensinar e aprender. Além de desenvolver a minha capacidade sócio-comunicativa, aprendendo a relacionar-me cada vez mais e melhor com as outras pessoas e desenvolvendo a habilidade de comunicar-me nos diferentes contextos sócio-culturais. Habilidade esta, que já vinha sendo trabalhada dentro das atividades ligadas ao Centro de Tradições Gaúchas, e que me possibilitou desenvolver trabalhos de locução, durante vários anos, na Rádio Alto Uruguai, de Humaitá.
No final do Ensino Médio, realizei meio ano de estágio com uma turma de 1ª série. Isto foi um desafio para mim, pois havíamos estudado muito no Magistério sobre o Construtivismo. Agora, deveria alfabetizar crianças a partir deste método e não mais a partir da simples repetição, como foi o meu processo de alfabetização. O trabalho não foi fácil, mas com calma, fui mostrando a relevância de fazer com que o aluno percebesse a importância que cada letra tem em uma palavra, na frase e conseqüentemente no texto, a fim de perceber que poderia escrever tudo o que pensasse e que o processo da leitura o aluno já havia iniciado muito antes de entrar na escola. Resumindo, o estágio foi um sucesso, e para surpresa da professora, no final do 1º semestre a grande maioria dos alunos estava praticamente alfabetizada.
Depois de concluir o estágio, não sabia exatamente que rumo daria a minha vida. Agora já era considerada professora, havia gostado muito de trabalhar com crianças, mas não sabia a que área de estudo iria dedicar-me a partir de então.
Meus pais não quiseram sugerir nada, porém sempre fui apaixonada pelas aulas de Matemática que meu pai lecionava. Ele foi meu professor na 7ª e 8ª série e para maioria dos conteúdos que ele trabalhava procurava inventar uma história para facilitar a sua aprendizagem. É uma pena que ele não tenha registrado todas aquelas histórias! No Ensino Médio também tive professoras de matemática que me marcaram muito e que demonstravam muito amor pelo que faziam. Assim, Matemática passou a ser uma das alternativas a seguir.
Por outro lado, como sempre fui muito comunicativa, as pessoas de meu convívio incentivavam-me a cursar Jornalismo. Assim, no dia da inscrição no Vestibular fui pronta pra inscrever-me nesse curso. Porém, ao verificar o valor das mensalidades e o turno das aulas, constatei que seria praticamente impossível fazer tal curso. Primeiro, porque meus pais não teriam condições de pagar as mensalidades, e segundo porque precisaria trabalhar para me manter, e algumas aulas eram diurnas.
Foi então que optei pelo curso de Ciências. No entanto, já no 1º semestre deparei-me com um grande obstáculo: Língua Portuguesa. Sempre achava que escrevia bem, pois minhas redações geralmente voltavam com uma boa nota, mas não foi o que ocorreu nesta disciplina. Ficava durante horas tentando escrever algo interessante, seguindo os passos de uma redação, conforme o modelo indicado pela professora, mas mesmo assim não consegui a média pretendida. Fiquei em exame pela primeira vez na minha vida, e como tudo o que acontece pela 1a vez nos marca profundamente, isso mexeu muito comigo.
Para quem sempre deu o máximo de si, isso representava que ainda tinha muito a aprender, ou melhor, tinha de aprender a escrever e principalmente aprender a escrever o que os outros gostassem de ler. Então decidi mudar de curso para sanar essa minha deficiência. Passei a cursar Letras.
No início parecia que queria apenas vencer um simples desafio. Até então, não pensava que fosse tão grande. Durante o curso de Letras fui percebendo que tinha muito mais a aprender sobre a nossa Língua Portuguesa do que sequer imaginava. A própria gramática, que havia estudado a vida inteira, eu não a sabia. E quando achei que estava aprendendo descobri que ela também não se sustentava em muitas de suas afirmações, considerando que a língua também vai mudando, pois é um organismo vivo, que está em constante transformação.
Durante a graduação tive a oportunidade de trabalhar durante dois semestres como bolsista no projeto “O ensino da Gramática – Egressos do Curso de Letras da UNIJUÍ”. Trabalho este que foi muito significativo para mim, pois tive a oportunidade de desenvolver um trabalho de pesquisa de campo e análise de dados, juntamente com as professoras coordenadoras. Dessa pesquisa resultou o artigo “A cultura de ensinar gramática”, publicado na Revista Espaços da Escola. Os resultados desse projeto apontaram para a necessidade de discutir temas relacionados à metodologia de ensino de línguas a partir de discussões que colocam o texto como eixo central do ensino/aprendizagem, o papel da gramática nesse contexto e aspectos relativos à avaliação no processo ensino/aprendizagem.
Participar das discussões dos dados desse projeto despertou em mim o desejo de pesquisar o percurso histórico da Gramática para entender como e por que a gramática é trabalhada do jeito que é nas aulas de Língua Portuguesa, assunto este que foi tema do meu trabalho de conclusão de curso.
Assim, ao ser convidada a freqüentar o curso de Pós-graduação em Ensino-aprendizagem de línguas, aceitei. Curso este que é fruto do projeto “O ensino da Gramática – Egressos do Curso de Letras da UNIJUÍ”, do qual participei durante a graduação.
Neste curso tive a oportunidade de aprofundar questões teórico-metodológicas e atualizar conhecimentos sobre abordagens de ensino/aprendizagem que, atualmente, servem como parâmetro para a atuação docente. Nesse sentido, comecei a pesquisar sobre as crenças subjacentes às concepções de texto no ensino de Língua Portuguesa e suas implicações para o ensino. Dando continuidade a esse estudo, procurei verificar como estas crenças têm influenciado a formação pedagógica do professor e como elas têm perpassado contextos de ensino/aprendizagem, particularmente com relação ao ensino de Língua Portuguesa, analisando a tensão que há entre o texto e a gramática, a partir de observações naturalísticas de aulas de Língua Portuguesa e entrevistas com alunos e professores, o que constituiu-se o tema da minha Dissertação de Mestrado em Educação nas Ciências, cursado na Unijuí, concluído em 2005.

Ensinando e aprendendo
Após a conclusão do meu estágio do Magistério, fiquei trabalhando na Câmara de Vereadores do Município como Secretária, atividade esta que desempenhei durante sete anos. Apesar de gostar do que fazia, não me sentia completamente realizada. Assim, decidi fazer o concurso do Magistério Estadual.
No dia 07 de junho de 2000, fui nomeada para atuar como professora na área 1. Iniciei as atividades com uma turma de 2ª série; depois de dois meses, houve um remanejo no quadro pessoal da escola e fui designada para trabalhar com a 4ª série.
Durante os quatro meses trabalhados com a quarta série, procurei colocar em prática o que havia aprendido ao longo de minha formação. Quando deparamo-nos diante de uma turma de alunos, inconscientemente, repetimos algumas atitudes de professores que trabalharam conosco, passando assim a manifestar reflexos da nossa cultura de ensinar e da nossa cultura de aprender. Visto que no momento em que precisamos optar por uma determinada abordagem de ensino, revisitamos as experiências que tivemos até então.
Como estava preste a concluir o curso de graduação em Letras, sentia-me muito mais preparada para trabalhar a disciplina de Língua Portuguesa do que as demais. Além do mais, sabia que não poderia trabalhar uma disciplina completamente desligada das demais, já que a cabeça do nosso aluno não é “dividida em gavetas”. Foi aí que procurei ler bastante sobre transdisciplinaridade, analisar as habilidades que trabalharia com os alunos, para então desenvolver um trabalho integrado e significativo. Nesse meio ano de trabalho percebi que muitas vezes repetia atitudes de antigos professores meus e também evitava desenvolver atitudes próprias de outros que, por experiência própria, sabia que não tinham dado bons resultados.
No ano de 2001, fui designada a assumir uma turma de alfabetização. Como havia desenvolvido o estágio do Magistério com uma 1ª série, sentia-me confiante. Também assumi algumas aulas de Português e Literatura no Ensino Médio até o final do 1º semestre, pois fui aprovada no concurso para professor municipal.
Como as escolas municipais apresentam um pequeno número de alunos, não é possível que cada professor trabalhe apenas na sua área de formação. Assim, passei a trabalhar Português e Ciências na 5ª série, Geografia na 6ª série e Técnicas Comerciais na 8ª série. Durante esse período, mais do que nunca apelei para antigas lembranças de professores que haviam trabalhado comigo, apesar de muitas coisas terem mudado desde a época em que cursei o primeiro grau. Assim, a minha cultura de aprender e ensinar norteava praticamente todo o meu trabalho.
Se trabalhar na área de nossa formação exige muito de nós, quanto mais trabalhar em uma área em que não se tem uma base teórica adequada, nem mesmo conhecimento do assunto, a não ser aquele adquirido quando alunos e que muitas vezes passa despercebido.
Em junho de 2002, fui nomeada no Concurso do Magistério Público Estadual para a área 2. Assim, estou atualmente ministrando a disciplina de Língua Portuguesa nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Médio Professor Raimundo Almeida, no município de Sede Nova.
A minha experiência de sala de aula, apesar de não ser longa, tem sido muito significativa para mim, pois tenho tido a oportunidade de colocar em prática o que aprendi durante todos esses anos de formação e, principalmente, tenho enriquecido o meu conhecimento prático e científico, pois a sala de aula é o melhor laboratório para aprimorar os nossos conhecimentos.
Nesse sentido, a busca da qualificação profissional através de um curso de Mestrado contribuiu muito para aprimorar a reflexão teórica em torno de minha prática, o que tem refletido na minha atuação em sala de aula, bem como tem ampliado o meu campo de trabalho. Atualmente tenho ministrado várias disciplinas em curso de Pós-Graduação. Além disso, estou atuando como tutora externa da UNIASSELVI e Diretora da Empresa Lunar Eventos - Instituto de aperfeiçoamento em Gestão Pública.
Embora não tenha sido exigida dos professores do Estado do Rio Grande do Sul a participação no Gestar II, ao ser convidada pela coordenadora do município de Humaitá-RS, professora Daiana Mara Hartmann, senti-me desafiada a participar. O ensino de Língua Portuguesa tem passado por grandes transformações, especialmente a partir da década de 60 do século passado com a Reviravolta Lingüístico-Pragmática. No entanto, segundo Bagno (1998), em muitos estabelecimentos de ensino, o ensino da língua ainda vem sendo realizado com base em dogmas, preceitos e regras que nada têm de científicos, visto que fomos habituados a aprender e a ensinar português como se a língua fosse uma coisa imóvel, pronta e acabada. Além disso, pretendo analisar como a relação texto/gramática será abordada neste programa e espero aprofundar conhecimentos para melhorar cada dia mais a minha prática de sala de aula, bem como as palestras que tenho ministrado em cursos de Formação de Professores.

Bibliografia
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Ed. Loyola, 1998.
SILVA, Daisy Maria Barella da. Uma vida: Trilhas e descobertas. In: MARQUES, Mário Osório [et alii]. 4 vidas, 4 estilos, a mesma paixão. Ijuí : Ed. UNIJUÍ, 1996. 108p.
ZACCUR, Edwirges. Do ensino monológico ao dialógico: ser usuário pressupõe a condição de ser-leitor?. In: AZEREDO, José Carlos de (org.). Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000.