domingo, 2 de agosto de 2009

RELATO DA 5ª E 6ª OFICINAS

Colocando as idéias para funcionar!!!!!
Vamos repensar o Projeto da Leitura em nossas escolas???




No dia 14 de julho de 2009, enquanto a maioria dos professores já estava em férias, nós tivemos mais duas oficinas do Gestar II. Neste dia, nosso encontro começou à tarde e foi até tarde da noite, visto que foram realizadas duas oficinas. O encontro foi iniciado com a dinâmica da estrela que possibilitou uma grande reflexão sobre o que é felicidade. Após os debates foi assistido o DVD sobre cultura do Ariano Suassuna, que foi muito interessante para analisar a importância de se fazer um resgate e uma maior valorização da cultura local. Todas concordaram de numa próxima reunião pedagógica, compartilhar essas reflexões de Suassuna com os professores das demais áreas do conhecimento cada uma em sua escola. A professora-formadora Daiana, como sempre, estava preparadíssima com o material sobre letramento, fazendo uma coleta de informações riquíssima. Trouxe para nós dois clips muito legais sobre o tema: “O que é letramento” da Kate Chong e “Cenas de letramento” ambos baixados do you Tube. Em seguida, fizemos um debate e um resgate teórico sobre letramento, leitura, cultura, escrita e produção textual (estudo do TP4).

Esta figura foi apresentada pela professora-formadora, que nos questionou o que a mesma tem a ver com o conceito de letramento.

Pode-se dizer que ela tem tudo a ver, pois letramento é abrir as portas e janelas do mundo por meio da leitura, da escrita e da oralidade e ser capaz de se relacionar bem nas diversas práticas sociais, como afirmou a professora Daiana.

Letramento, segundo Kleiman (2001, p. 19), é definido como “o conjunto de práticas sociais relacionadas ao uso, à função e ao impacto da escrita na sociedade, diferenciando esse conceito do conceito de alfabetização, o qual é mais restrito, em geral interpretado como processo de aquisição do código da escrita e domínio individual desse código”. Um postulado básico do trabalho com base no letramento é assumir que a linguagem é interação e que a interação lingüística pressupõe a participação de sujeitos sociais cognitiva e afetivamente envolvidos na produção de contextos que podem desencadear a aprendizagem, como é o caso do contexto escolar (Kleiman, 2001, p. 20).
Para Magda Soares letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender-se, lendo ou escrevendo (delinear o mapa de quem você é), e é descobrir alternativas e possibilidades, descobrir o que você pode ser.Feito o resgate teórico, a professora-formadora pediu que nos organizássemos em grupos para pensarmos um Projeto para aplicarmos na escola onde trabalhamos.
Antes de partirmos para o projeto propriamente dito, fizemos um estudo do que é um projeto, dos passos que devem ser seguidos de como organizá-lo...
Conversando com as colegas cursistas percebemos que todas as escolas têm um projeto maior de leitura, que envolve todos os alunos e todas as áreas, mas que os mesmos não estão andando como gostaríamos, neste sentido decidimos reavaliar e repensar este momento da leitura.
O nosso projeto ficou quase pronto, faltando apenas a fundamentação teórica que nos organizamos para concluir em casa para socializar no próximo encontro dia 03 de agosto de 2009.
Em seguida, socializamos os avançando na prática (do TP4). Sempre é muito significativo esse momento, pois cada professor faz adaptações interessantes às atividades propostas.
Nesta tarde, também foi realizada uma atividade a partir do poema “Cidadezinha Qualquer”, depois em grupos menores foram elaboradas questões instigadoras que despertassem o interesse dos alunos pela leitura do mesmo e outras atividades a partir da figura do PP4, página 220.
Em seguida olhamos algumas figuras de ilusão de ótica e encerramos o encontro com a mensagem “Educar” de Rubem Alves.
O Programa do Gestar II está proporcionando momentos muito interessantes de reflexão teórica e prática com relação ao ensino de Língua Portuguesa.
Após esta oficina, desafiei-me a escrever um texto sobre algumas experiências pessoais com relação ao letramento.

LETRAMENTO: ALGUMAS EXPERIÊNCIAS PESSOAIS

O objetivo deste texto é apresentar algumas experiências pessoais com o letramento, a fim de mostrar que esse processo não pode ser compreendido como algo que tenha início, meio e fim, que se reduz à sala de aula e que é um privilégio apenas daqueles que passam pela escola e têm acesso ao saber institucionalizado. Para tanto, primeiramente procurar-se-á descrever alguns eventos de letramento anteriores à alfabetização, que são significativos por se constituírem em um primeiro contato com a leitura e a escrita e, num segundo momento, procurar-se-á destacar alguns conflitos enfrentados em relação às práticas de letramento utilizadas no meio acadêmico.
Na infância, as oportunidades de conviver com a leitura e a escrita foram várias e constantes. Por ter pais professores, via-os, diariamente, envolvidos com livros para elaborarem seus planejamentos de aulas. Além disso, por ambos gostarem de ler, seguidamente, adquiriam livrinhos de literatura infantil e faziam da leitura destes um momento muito significativo, que era ansiosamente esperado. As histórias lidas e/ou contadas não ficavam esquecidas, pois eram recontadas para outras pessoas do convívio.
O fato de recontar as histórias com uma riqueza tão grande de detalhes fez com que se pensasse que esta habilidade poderia ser aproveitada para a declamação. Assim, antes mesmo de ir para a escola, declamar poesias gaúchas passou a ser uma prática constante, as quais eram aprendidas e/ou assimiladas a partir da leitura destas por um adulto. Esse evento de letramento teve uma grande importância para a alfabetização – entendida como a aquisição da escrita enquanto habilidades para a leitura e escrita, levado a efeito pelo ensino formal[1] -, que, contrariamente ao que se espera, deu-se fora do espaço escolar, ou seja, a partir de situações de uso concreto da linguagem. Essas situações seriam os momentos em que se aprendia as poesias para serem declamadas em festividades promovidas pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do município, além de outros eventos gerados no dia-a-dia. Esse conhecimento, porém, entrou em conflito na escola, onde se aprendia uma letra de cada vez e exercícios repetitivos de memorização. Infelizmente, no ano em que era frequentada a primeira série, os professores ficaram alguns meses em greve, assim o processo de alfabetização teve continuidade em casa a partir da leitura de textos de gêneros diversos, desde rótulos de embalagens até textos de literatura infantil e artigos de jornais que eram comentados em família.
Aprender a ler possibilitou um acesso a diferentes textos e também despertou o gosto pela escrita. Esse gosto, porém, não foi muito estimulado no ensino fundamental e médio, nos quais o ensino gramatical ocupava a maior parte do tempo. Mas mesmo assim, acreditava-se que escrever era um processo prazeroso, pois era o momento em que se podia criar e expressar as idéias e pensamentos próprios.
Essa concepção de leitura e escrita entrou em conflito na universidade, onde se passou a interagir com textos acadêmicos, que apresentavam um estilo de escrita mais formal. Assim, sente-se a necessidade de manter uma prática constante de leitura e escrita de textos diversos, interação com colegas e professores, participação em eventos científicos entre outras práticas sociais, para conseguir aprender a lidar com os conceitos específicos desta comunidade discursiva, o meio acadêmico. Com isso, passa-se a entender que os significados da leitura e da escrita variam de situação para situação, dependendo de concepções ideológicas partilhadas em cada contexto social.
Nesse sentido, pode-se concluir que os eventos e práticas de letramento estão presentes na vida de todos os membros de uma sociedade, uma vez que mesmo em culturas ágrafas há formas de se registrar idéias e conceitos, da mesma forma que se pode aprender a narrar histórias e declamar, antes mesmo de ser alfabetizado. Algumas pessoas têm acesso ao conhecimento sistematizado nos livros, manuais, compêndios, enquanto outras têm acesso a outros modos de organização do conhecimento, por meio de sua vivência social e cultural. Assim, pode-se afirmar que não há grau zero de letramento, pois do ponto de vista do processo sócio-histórico o que existe são graus de letramento diferenciados, que podem ir sendo alcançados com diferentes práticas sociais de linguagem tanto de formal institucional como não.
[1] Cf. Tfouni, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995. p. 9-10.

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